A atual produção de chocolate por produtores de cacau baianos e paraenses e grupos empresariais brasileiros estão colocando o derivado do cacau em evidencia. Além representar concorrência às marcas de chocolates finos suíços, belgas e italianos nas prateleiras de grandes redes de supermercados e empórios.
O assunto é tema de reportagem neste domingo no jornal Folha de São Paulo que vê o chocolate nacional começando a ganhar a concorrência sólida com marcas de chocolate estrangeiras.
De acordo com a publicação, feito de cacau nativo, esse chocolate conta com uma produção que passa por processos de qualidade, tem preocupação socioambiental e é acompanhada em todas as etapas, da amêndoa à barra.
“É um mercado que vem crescendo muito no país. A questão é que agora estamos valorizando a produção de um cacau de qualidade, que antigamente era exportado. O processo é parecido com o qual o grão de café especial brasileiro passou”, diz Luiz Araújo, gerente acadêmico da Universidade Anhembi Morumbi.
IMPACTO SOCIAL
A reportagem cita marcas recém-chegadas ao mercado consumidor, como a Danke que inaugurou uma fábrica no Pará em agosto com capacidade de produção de mil toneladas ao mês. A marca aposta em um modelo de venda baseado no varejo, sem lojas próprias em São Paulo e Rio de Janeiro.
Cita ainda a Dengo, marca de chocolates brasileiros que existe desde 2017. Em novembro, a empresa inaugurou a Fábrica de Dengo —uma estrutura de 1.500 m² e quatro pavimentos na avenida Faria Lima, em São Paulo— que tem como ideia mostrar ao visitante como o chocolate é feito.
Atualmente, o consumidor que visita uma das 19 lojas da Dengo —a maioria em shoppings, em cidades como São Paulo, Curitiba e Brasília— tem como tíquete médio R$ 80.
O jornal diz ainda que, além da atenção à qualidade e ao impacto social, o consumidor também começa a entender as diferenças de terroir do cacau produzido no Brasil. Para isto, cita Juliana Aquino, 55, dona da marca de chocolate Baianí.
LUTA ANTIGA
Ela integra o movimento de produtores chamado bean to bar (na tradução, da amêndoa à barra), que se destaca por um maior domínio do processo, do cultivo até a produção. Podem existir discordâncias na definição do chocolate bean to bar, mas a ideia segue alguns pilares, diz ela, que é presidente da Associação Bean to Bar Brasil.
“Um deles é a sustentabilidade. E, o outro, a técnica, que sempre parte da amêndoa integral do cacau e tem todo o processo de produção feito em um local só, sem adição de essências ou aromatizantes”, diz.
No Brasil, são cerca de 150 marcas com esse perfil. “Hoje, o consumidor do chocolate bean to bar entende que existem nuances que são geradas pelo processamento artesanal. Agora, essa conversa começa a chegar num consumidor que é menos especializado”, afirma.
E lembrar que desde a criação da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), em 1957, pelo presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, criação do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec), seis anos depois, se busca consolidar o mercado brasileiro de chocolates? Pena que tais instituições sofram descaso do governo federal…
A partir primeira década do milênio, o cacau fino para a produção de chocolates premium entrou no radar. Graças aos esforços de pesquisadores do Cepec, à exemplo do biólogo Raimundo Camelo Mororó. (do Pimenta)